GEPOC participa do desenvolvimento de gerador eólico

Em 14/11/2009, representantes da Grupo de Eletrônica de Potência e Controle (GEPOC), da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), participaram em Panambi, cidade localizada no noroeste do Rio Grande do Sul, da inauguração de um aerogerador (ou gerador eólico), atualmente a mais festejada forma de gerar energia totalmente “limpa” – sem prejudicar o meio ambiente. A cerimônia também contou com a presença do secretário estadual da Ciência e Tecnologia, Artur Lorentz, e de prefeitos e lideranças da região.

No Estado, o gerador eólico, é famoso principalmente entre os motoristas que trafegam pela Free-Way, os quais se encantam ao distinguir no horizonte a visão imponente do parque eólico localizado em Osório, que é composto por 75 torres de 98 metros de altura.

Agora, porém, um outro gerador eólico pode ser contemplado a cerca de 400 quilômetros de lá, mais especificamente ao lado de uma pista de caminhada do Colégio Evangélico Panambi, instituição responsável pelo projeto Gereólico, juntamente com o Grupo de Eletrônica de Potência e Controle (GEPOC) da UFSM. O que singulariza este aerogerador em relação a todos os outros existentes no país é que ele foi projetado e construído com tecnologia 100% brasileira.

“Este é um sonho que começou em 1984, com a fundação do GEPOC, o maior grupo do país na área de eletrônica de potência e controle. Nós temos a melhor equipe nacional para o recebimento de recursos nesta área. Com certeza, não será este o momento final, mas o primeiro passo para vôos mais altos”, afirma o professor Hélio Leães Hey, pró-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa da UFSM.

O projeto – No Colégio Evangélico Panambi, o sonho de projetar e fabricar um aerogerador começou em 1998, com a construção de um pequeno protótipo, que também está instalado ao lado da pista de caminhada da instituição, a alguns metros de onde está o seu enorme irmão mais novo.

A parceria com a UFSM surgiu em 2006, quando a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) concedeu ao colégio um financiamento de R$ 400 mil para concretizar o projeto, que ao todo custou aproximadamente R$ 900 mil.

A parte mecânica do projeto ficou a cargo da equipe de professores, técnicos e alunos do colégio. À universidade, coube a responsabilidade pelas partes elétrica e eletrônica, principalmente no que se refere ao monitoramento a distância do aerogerador e à sua conexão na rede elétrica.

“A importância da inserção da energia eólica na matriz energética brasileira não tem motivação ambiental, pois a maior parte da energia consumida no país é gerada por meios renováveis, através das hidrelétricas. A motivação seria criar uma indústria nacional de aerogeradores para gerar empregos no país”, opina o professor Humberto Pinheiro, do Departamento de Processamento de Energia Elétrica, que coordenou o projeto na universidade.

Este empreendimento não seria possível sem a participação da iniciativa privada. A Metalúrgica Fratelli, de Santa Rosa (RS), foi a empresa que mais investiu no projeto. Seu diretor, Moacir Antônio Locatelli, pretende no futuro comercializar aerogeradores, como também partes separadas deles. Ele estima que o preço de venda do conjunto inteiro de um modelo DR 14 (como se chama o gerador instalado em Panambi) seja de aproximadamente R$ 50 mil.

Características – O gerador eólico de Panambi é considerado de pequeno porte. Sua potência é de 20 quilowatts (kW), o bastante para acender 200 lâmpadas de 100 watts.

Esta potência é atingida quando o vento alcança uma velocidade de 11 metros por segundo (m/s) – o equivalente a 39,6 km/h. Para evitar acidentes, quando a velocidade do vento atinge os 20 m/s (ou 72 km/h), as pás param de girar, por meio do acionamento de um sistema de freio a disco.

Mas não são só as pás que se movem. O seu eixo também se move, mas na posição horizontal. Isso ocorre porque o gerador, por meio de um sensor, está sempre “procurando” a direção em que o vento está soprando.

O aerogerador é composto por três pás feitas de epóxi e fibra de vidro. Elas medem cerca de 6,5 metros cada uma, formando um rotor com 14 metros de diâmetro que gira no sentido horário. Esta é apenas uma parte da estrutura de 3,2 toneladas que está presa sobre uma torre de aço de 22 metros de altura, montada sobre fundações de concreto.

Tudo isso é monitorado a distância por meio de um sistema GSM – sigla em inglês para Sistema Global para Comunicações Móveis. Este é o mesmo padrão que é popularmente usado em telefonia celular.

Projetos futuros – O aerogerador de Panambi está conectado na rede elétrica do colégio. Entretanto, ele não é capaz de suprir sozinho as necessidades de energia da instituição. Mas isso não quer dizer que os próximos geradores eólicos projetados em Panambi e Santa Maria não o consigam, pois nem o Colégio Evangélico nem a UFSM pretendem parar por aí.

O professor Humberto Pinheiro diz sonhar que a universidade ainda participe do desenvolvimento de um aerogerador de grande porte, com potência de 2 megawatt. Por seu lado, o professor Luis Alberto Ruchel, que coordenou o projeto no colégio, revela que a instituição quer desenvolver um gerador eólico com potência de 100 kW.

Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social – UFSM